Significado da Espada Inflamada do Livro de Gênesis


E, havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Édene uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida (Gênesis, 3:24).

Será que alguém sabe o que seria essa tal "espada inflamada" que gira ao redor do paraíso, cuja função é guardar o caminho que conduz naturalmente o ser humano ao segredo da vida eterna? Será que não podemos transpor ou transcender esse aparente obstáculo? Afinal, a suposta espada inflamada não foi posta ali para nos impedir, mas para guardar ou vigiar. Lembra-se da frase de Jesus: "Orai e vigiai"? Então, vigiar o que? O que foi que nos "expulsou" do Éden?


Por exemplo: "Saímos" do paraíso eterno devido o conhecimento a respeito dos conceitos opostos e maliciosos de bem e mal. Devido à discriminação religiosa, julgamentos, críticas, condenação, má consciência ou consciência de pecado (ausência de amor e perdão). E para "entrar" novamente, o que seria necessário? Que tal uma mente pura, limpa, vazia de conceitos opostos maliciosos? Que tal não ver mais ninguém como mau, pecador, imperfeito ou inimigo?


Logo, se você é uma pessoa livre, que já se libertou do julgamento da religião moralista (já foi além da mente), com certeza está mais próxima da verdade do poder único interior, de uma única verdade além do bem e do mal (dualismo da mente). É nessas condições que você começa a compreender as atitudes de Jesus, ao se interessar pelas pessoas consideras pecadoras. Porque, se Ele fosse pregar para os religiosos moralistas de sua época, jamais seria compreendido. Embora, na verdade Ele veio para os seus, as pessoas que se diziam escolhidas e cheias de fé, porém os seus não o receberam (João, 1:11) como sendo o Filho único da Vida eterna, isento de pecado. Pelo contrário, criticaram chamando-o também de pecador (João, 9:24 e 25). Hoje também não é diferente.


É preciso está vigilante e alerta para não ser sabotado pelos conceitos intelectuais opostos da mente que mente e ilude. Quem consegue se manter vigilante e consciente, já se encontra apto para adentrar novamente no Éden com uma mente pura e livre de conceitos humanos. Contudo, a maioria das pessoas ainda se encontra hipnotizada pelos conceitos opostos da mente condicionada (duas supostas verdades). Porém, no reino espiritual único, infinito e eterno não "entra" o que é finito (dividido), limitado e perecível (ilusório). Embora, esta é ainda uma explicação simplória (I Coríntios, 15:50). A ciência, um dia poderá explicar essa questão ainda melhor, de forma mais compreensível. Ou seja, quando a mesma for menos materialista.


Vejamos o significado de tal espada inflamada, não esquecendo que geralmente uma espada tem dois gumes.


Como seria então essa "espada inflamada" e misteriosa descrita pelo livro de Gênesis? Como será que esta "espada acesa como brasa de fogo" guardava e ainda guarda a "entrada" para o "paraíso", ou para a vida eterna? E como "entrar" novamente ou "passar" através dela? Foi exatamente isso que Jesus ensinou, e só compreenderam esta verdade única, aqueles que ouviram humildemente e acreditaram em suas belas e otimistas palavras.


Na verdade, esta misteriosa "espada inflamada" simboliza simplesmente a língua humana que pronuncia as palavras de verdade e mentira ao mesmo tempo (bênção e maldição). E as chamas simbolizam o fogo ardente da devoção ou convicção religiosa, que Jesus e Nietzsche se referiram. Por sua vez, as palavras de bênção e maldição vêm dos pensamentos condicionados, cuja mente é também dualística.


É necessário separar o joio do trigo, ir além da religião, transcender a espada de dois gumes (conceitos intelectuais opostos), a crença em dois supostos poderes ao mesmo tempo, em duas supostas verdades (bem e mal). É preciso voltar para dentro de nós e conhecermos a nossa verdadeira identidade. Assim não mais viveremos sujeitos e escravos dos aparentes poderes contraditórios externos, embora vivendo naturalmente sem pose de santo.


Quanto à "espada inflamada", não é por acaso que está escrito:


A morte e a vida estão no poder da língua... (Provérbios, 18:21).


É através da língua humana que os homens bendizem a Deus Pai, e amaldiçoa os homens feitos a semelhança de Deus. É através de uma mesma boca, que procede a bênção e a maldição, e isso não convém que se faça. (Tiago, 3:8 a 10).
Segundo o apóstolo Tiago, isso não convém que se faça, porém continuam fazendo exatamente isso, devido o estado de consciência que ainda se encontram.


A "árvore da vida eterna" (amor e perdão) nos revela o segredo da imortalidade da alma ou do Espírito que transcende inclusive a reencarnação. A verdadeira origem e natureza espiritual do homem carnal (Cristo em nós), (Colossenses, 1:26 e 27).


Quanto à transcendência da lei da reencarnação, alguns estudiosos do assunto poderão até estranhar tal afirmação, porém basta observar o conteúdo do livro "Nosso Lar" psicografado por Francisco Cândido Xavier, o qual diz que muitos espíritos levam milênios recapitulando experiências através das reencarnações, porém os Espíritos nobilíssimos descobrem a essência divina em si mesmos e tomam o caminho reto, direto para Deus. Portanto, tal conteúdo está falando a mesma coisa. Basta compreender. Tanto os espíritos que reencarnam de forma obrigatória, como os Espíritos nobilíssimos que descobrem a essência divina em si mesmos, somos nós mesmos. É uma questão de estado de consciência.


Ao adentrar em uma das sendas iniciáticas, através do labirinto das teorias intelectuais de salvação ou libertação, deparamos com a "espada inflamada de dois gumes", que "gira em torno da árvore da vida eterna" (coração, sentimento), a qual teoriza intelectualmente a respeito da "vida eterna" e da "morte eterna", do bem e do mal. Ou seja, teoriza a respeito da verdade e da mentira ao mesmo tempo.


Conclusão: Se Deus ou a Vida tentasse impedir que o ser humano agora inconsciente "entrasse novamente" no paraíso (consciência da vida eterna), Estaria condenando cruelmente o ser humano, em vez de amá-lo e perdoá-lo. Mas segundo Jesus, o Pai a ninguém julga (João, 5:22). Portanto, quem ensina que Deus (a Vida eterna) julga e condena o homem, está ainda pregando um falso Evangelho, mesmo sem saber e com boa intenção em salvar a humanidade.


É preciso está ciente que:


Deus quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade (I Timóteo, 2:3 e 4).
Este sim é o verdadeiro Evangelho otimista ensinado, segundo o apóstolo Paulo.


Devido à crença em dois supostos poderes, no bem e no mal ao mesmo tempo, ainda acreditamos em inimigos (crença intelectual individualista), porque não enxergamos luz dentro do ser humano. Desse modo, somos incapazes de perdoar e amar. Portanto:


Ao trazeres a tua oferta ao altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta (Mateus, 5:23 e 24).


Porém, se não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas (Mateus, 6:15).


Isso nos diz claramente que enquanto a malícia, a inveja, o ciúme, a vingança e o ódio estiverem ainda retidos em nossa alma, formarão um bloqueio na consciência que impedirá que nossas orações sejam atendidas.


Se formos ao altar para orar, não aceitando em nosso coração que todos os homens sejam filhos do mesmo Pai, e por isso irmãos, melhor faremos em parar de orar por nós mesmos, nos afastar do altar, sentar quietos e resolver dentro de nós que, antes de podermos esperar encontrar a Deus, deveremos nos reconciliar com nossos irmãos (Joel S. Goldsmith, em "O Trovejar do Silêncio").
Ao reler os versículos do livro de Gênesis: (Gênesis, 2:15) e (Gênesis, 3:23 e 24), e prestar atenção na palavra "guardar", descobrimos que a origem espiritual do ser humano é o próprio Querubim (anjo, pureza, inocência) e não mau e pecador por natureza (ou imperfeito), conforme ensina a maioria das religiões, confundido o verdadeiro Homem espiritual, com sua aparência superficial humana.


Não esquecendo que o "Senhor Deus" que o Gênesis se refere a partir do segundo capítulo, trata-se da nossa mente, antes incondicionada e depois condicionada pelos conceitos opostos humanos (bem e mal). Crença em dois "poderes". Ou seja, isso significa autocondenação. Nós mesmos nos condenamos e condenamos uns aos outros até agora.


Devemos eliminar de nossa consciência o ódio, o medo e a desconfiança, através do conhecimento de que eles representam simplesmente nossos falsos conceitos uns dos outros. Quando nos dispusermos a renunciar a estes e reconhecer que na essência do ser de cada um de nós reside o mesmo filho de Deus, nos afinaremos com os princípios espirituais e começarão a resultar as curas.


As leis de Deus não podem atuar em uma consciência cheia de falsos conceitos. Devemos nos harmonizar com o divino. Se olharmos para as pessoase virmos todas as suas diferenças humanas, em breve gostaremos de algumas e não gostaremos de outras; vamos confiar em algumas e desconfiar de outras. Teremos tantas diferenças, que nossa própria cabeça ficará confusa.


Se, contudo, pudermos reconhecer que, apesar das aparências, a Divindade é a natureza do ser de cada pessoa e que Deus nos fez à Sua própria imagem e semelhança, estamos conhecendo a verdade sobre todas as pessoas. Se alguém está representando ou não aqui na terra, não é da nossa conta; e se estivermos cientes de qualquer pecado em outra pessoa, ao invés de participar do julgamento, deveríamos praticar, no íntimo, o princípio do Novo Testamento: "Não julgueis para que não sejais julgados" (Mateus, 7:1°).


Portanto, não julgaremos; tomaremos a atitude: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas, 23:34). Estamos percebendo que toda pessoa é um ramo da mesma árvore, a Árvore da Vida. Nisso não há julgamento, não há crítica. Há perdão "setenta vezes sete" (Mateus, 18:22), perdão e uma oração para que seus olhos estejam abertos. Isso é nossa própria harmonia com o Divino, tornando-nos receptivos à cura, à Graça e à proteção divinas, porque eliminamos nossos conceitos humanos das pessoas e as estamos vendo como imagem e semelhança de Deus, vendo-as espiritualmente como o verdadeiro Cristo de Deus. Nós não estamos usando nosso julgamento humano; estamos usandonossa intuição espiritual para reconhecer que Deus fez todos nós à sua própria imagem e semelhança, considerou-nos e achou-nos bons (Joel S. Goldsmith, em "O Despertar da Consciência Mística").



2 comentários:

Anônimo disse...
16 de maio de 2010 19:33
Boa noite meu caro,

Não li o livro "O Despertar da Consciencia Mistica", mas tenho a mesma compreensão da citação contida em seu artigo quando diz que somos todos irmãos. (o sermão da montanha me levou a ter esta compreensão)
Compreendo também que vivemos em um mundo cheios de crenças universais criadas pela mente dualista e etc e tal.
Mas como venho do evangelho tradicional e estou a pouco tempo despertando, digamos assim, para a verdade, ainda me ficaram três questões que ainda não tenho respostas. Caso tenha como me ajudar são estas:
1 - Por que a crucificação se fez necessária?
2 - Jesus sempre nos mostrou o caminho para despertarmos do sonho, mas por que em alguns casos Ele diz que quem cresse seria salvo e quem não cresse já estava condenado ou que seria reú do juízo?
3 - Na regeneração do mundo o que acontecerá com aqueles que não conseguirem despertar para a verdade?

Um abraço
Blog evidente.info: Edmilson disse...
17 de maio de 2010 17:40
1 - A crucificação se fez necessária, devido nossa ignorância. Conforme diz a Bíblia, “amamos mais as trevas do que a luz”. Ou seja, acreditamos mais no mal do que no bem, preferimos a violência em vez da paz. A violência foi nos dado como presente, porque é o que amamos ainda, até despertamos a consciência.

2 – A única coisa que deveríamos crer é na Verdade (Cristo em nós), no Amor, na Perfeição, no Bem e não no contrário conforme ainda acredita a humanidade. Contudo, Cristo não é um indivíduo.

Quem não crer na única Verdade, o Amor, a Perfeição, a Paz, já se encontra de fato “condenado”. Já estão pagando o preço da ignorância. Mas não existe uma condenação eterna, conforme os fariseus introduziram na Bíblia e conforme foi ensinado à humanidade.

O réu do juízo é o ego humano. Observe como as pessoas sofrem, até ficarem mais humildes e mais amáveis.

3 – Quanto à regeneração do mundo, o problema é que só conhecemos o planeta Terra. Deveríamos conhecer melhor o livro de Gênesis, Isaías, Ezequiel, etc. Somos ainda muito ingênuos e de mentalidade estreita. Ainda acreditamos como a maioria, que somente o planeta Terra é habitado por seres inteligentes. Enquanto isso, na verdade, não somos tão inteligentes quanto acreditamos.

Deus é a mor e Perdão. E segundo Jesus, Deus a ninguém julga. As pessoas condenam a si mesmas e uma as outras. É esse o inferno. Nós mesmos criamos o inferno em qualquer dimensão, devido nosso limitado estado de consciência. Ignorância espiritual. Quem não conseguir despertar para a Verdade, terão outras oportunidades. A Vida é eterna, amável e inocente. Leia também os artigos da seção “Filosofar Histórico”.

Obrigado pelo seu comentário!
http://www.evidente.info/2009/05/significado-da-espada-inflamada-do.html